quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dores de mães

Hoje vi minha mãe chorar novamente e não era de alegria.
Apesar de trabalhar a vida inteira, e ser dito que o trabalho nos emancipa, as condições que temos não são diferentes da maioria das pessoas.
Fizemos opções pela integridade de nossa humanidade e colhemos as conseqüências desta exigência.
A falta de dinheiro, às vezes, quase nos arranca esta integridade.
Esta é a luta diária num cotidiano de opressão. Hoje minha mãe chorou novamente e eu chorei junto. Compartilhamos a tristeza da vida em um mundo onde os privilégios de alguns estão acima da vida de tantos outros.
Somos solidários uma ao outro por nos reconhecermos nas dores das lágrimas que sabemos, corre pelos rostos de tantos e tantos como nós.
Ao trabalho é que o nos resta, para que possamos garantir o mínimo possível à nossa sobrevivência. E que este trabalho que nos é imposto não tire nossa integridade. Que a dificuldade em sobreviver não nos transforme em opressores ou nos tire a sanidade. Que não traga uma morte em vida e nem a morte morrida de forma prematura.
É na solidariedade entre nossos pares onde encontramos alento em tempo de dor.
Hoje minha mãe e muitas outras mães choraram, das praças de maio, das ocupações, das moradoras de rua, das de tantas periferias, todas trabalhadoras.

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