O menino que carregava água na peneira
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que
carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento
e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água,
o mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino, que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira,
com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaroo
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com suas peraltagens
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.
Manoel de Barros (do livro Meninos e Águas)
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Corpo
La iglesia dice: El cuerpo es una culpa.
La ciencia dice: El cuerpo es una máquina.
La publicidad dice: El cuerpo es un negocio.
El cuerpo dice: Yo soy una fiesta.
(Eduardo Galeano)
La ciencia dice: El cuerpo es una máquina.
La publicidad dice: El cuerpo es un negocio.
El cuerpo dice: Yo soy una fiesta.
(Eduardo Galeano)
terça-feira, 14 de agosto de 2007
vou te amar
pelos teus vãos
e desencontros no topo.
Escorrego por cachos pretos
à procura de seus olhos de amêndoas.
Tateio todo seu tato.
Dos montes pessegais,
aos cipós sub umbigais, onde esconde-se
a gruta dos prazeres ocultos.
Adormeço e passo dias, ali, tempo e espaço se
confundem com corpo.
E corpo... Ahhhh corpo!
Espaço/tempo saboroso.
(Nica Maria/ aSg)
pelos teus vãos
e desencontros no topo.
Escorrego por cachos pretos
à procura de seus olhos de amêndoas.
Tateio todo seu tato.
Dos montes pessegais,
aos cipós sub umbigais, onde esconde-se
a gruta dos prazeres ocultos.
Adormeço e passo dias, ali, tempo e espaço se
confundem com corpo.
E corpo... Ahhhh corpo!
Espaço/tempo saboroso.
(Nica Maria/ aSg)
Para minha mãe
Dos nos de 30
Já foram passados.
Num tempo de cão,
Pra um dos lados.
Os olhos de novo,
Aparecem colados.
Sonhos e intenções
Antes guardados,
Voltam à nostalgia
Das mentes e poros calados.
Tudo que é opção
Despoca no ar.
Mosquitinhos nos olhos
De baixa pressão,
Sublimam-se em altar.
Límpidos, céticos, canção.
Por caminhos onde vagar
Encontrar-nos-emos
Em sonhos renovados,
Com a mesma força do
Que antes jorrava por nossos lábios.
(aSg)
Já foram passados.
Num tempo de cão,
Pra um dos lados.
Os olhos de novo,
Aparecem colados.
Sonhos e intenções
Antes guardados,
Voltam à nostalgia
Das mentes e poros calados.
Tudo que é opção
Despoca no ar.
Mosquitinhos nos olhos
De baixa pressão,
Sublimam-se em altar.
Límpidos, céticos, canção.
Por caminhos onde vagar
Encontrar-nos-emos
Em sonhos renovados,
Com a mesma força do
Que antes jorrava por nossos lábios.
(aSg)
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Grafitto
teu nome no muro que trama
meu amor.
Aviso:
lei que prende,
que solte o meu amor.
Se solte.
Me solte.
Grafitto
teu nome em peito rasgado,
corpo que manca em tempo suado.
Meu amor
Se Solte.
Me solte.
Grafitto
teus nomes no vento espalhado
nos mundos que sou.
Sou Homem, filho e avô.
Gema, carcaça de cigarra,
sementes de alecrim.
Sou cultura de um homem só,
na boca de um povo mudo.
Sou vontade de ser e estar
em lagarta listrada na Bandeira
encharcada de ausência do nome teu
levado pelo vento enroscado no meu.
Grafitto
Posse de ausências.
(Renato Gama/aSg)
meu amor.
Aviso:
lei que prende,
que solte o meu amor.
Se solte.
Me solte.
Grafitto
teu nome em peito rasgado,
corpo que manca em tempo suado.
Meu amor
Se Solte.
Me solte.
Grafitto
teus nomes no vento espalhado
nos mundos que sou.
Sou Homem, filho e avô.
Gema, carcaça de cigarra,
sementes de alecrim.
Sou cultura de um homem só,
na boca de um povo mudo.
Sou vontade de ser e estar
em lagarta listrada na Bandeira
encharcada de ausência do nome teu
levado pelo vento enroscado no meu.
Grafitto
Posse de ausências.
(Renato Gama/aSg)
Som
Som de bamba
Bambú.
Sonora canção
do vento do sul.
Raízes voando,
vem gente sambando
na força de festa,
se afoga e apega.
Corrompe o ruído,
é mar de gente,
som e sentido.
No beco da lama
boca nas mamas.
(aSg)
Bambú.
Sonora canção
do vento do sul.
Raízes voando,
vem gente sambando
na força de festa,
se afoga e apega.
Corrompe o ruído,
é mar de gente,
som e sentido.
No beco da lama
boca nas mamas.
(aSg)
quinta-feira, 19 de julho de 2007
oco
sobre um silêncio profundo, deito-me sobre o mundo.
Solidão? Não. Estou calmamente inquieto com as possibilidades.
Solidão?
Sim. E ainda bem que a tenho.
Neste silêncio é onde me crio, todo um caos gera dor.
Hoje sou mais ainda que ontem. Só não sei bem direito o que.
Um grito!!! Gritei. Ouviu? Sou assim mesmo, e aprendo!
Ahhh solidão! saia deste casulo e liberte suas asas, ao menos por um dia.
Solidão? Não. Estou calmamente inquieto com as possibilidades.
Solidão?
Sim. E ainda bem que a tenho.
Neste silêncio é onde me crio, todo um caos gera dor.
Hoje sou mais ainda que ontem. Só não sei bem direito o que.
Um grito!!! Gritei. Ouviu? Sou assim mesmo, e aprendo!
Ahhh solidão! saia deste casulo e liberte suas asas, ao menos por um dia.
terça-feira, 17 de julho de 2007
lado a lado
Moral pudorificada putrificada.
Tripa com carne (assada) no beco da lama.
- Me vê um melado aí!
pois daqui de pouco desço num chorinho tenro.
Copos e olhos para o alto.
Brilho.
Mas não ao lado, ao lado
latas num saco e olhos pro chão.
- Desce um chorinho aí!
Com a única lágrima seca que
escorre deste corpóreo sertão.
Soluçando tradições.
finco os pés na noite,
arrocho no peito as contradições,
tudo vira um grande mote.
E da viola um bailão
de gentes alegres
sorrindo os dentes,
partindo um coração.
E Inácia?
Inácia no lugar do coração
tem banzo.
Sabe algo que não sei.
(aSg)
Tripa com carne (assada) no beco da lama.
- Me vê um melado aí!
pois daqui de pouco desço num chorinho tenro.
Copos e olhos para o alto.
Brilho.
Mas não ao lado, ao lado
latas num saco e olhos pro chão.
- Desce um chorinho aí!
Com a única lágrima seca que
escorre deste corpóreo sertão.
Soluçando tradições.
finco os pés na noite,
arrocho no peito as contradições,
tudo vira um grande mote.
E da viola um bailão
de gentes alegres
sorrindo os dentes,
partindo um coração.
E Inácia?
Inácia no lugar do coração
tem banzo.
Sabe algo que não sei.
(aSg)
Vagalume
Vagalume.
inseto
despoca suspiros de luz
em meio do mato.
Vagalume.
luz que vaga no lume.
sofreguidão do escuro.
não ser luz em meio de nada,
prefiro noite.
respingo de orvalho
em folha caída.
asas encerradas em
casulo de liras.
(aSg)
inseto
despoca suspiros de luz
em meio do mato.
Vagalume.
luz que vaga no lume.
sofreguidão do escuro.
não ser luz em meio de nada,
prefiro noite.
respingo de orvalho
em folha caída.
asas encerradas em
casulo de liras.
(aSg)
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Esperança
"...Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial!Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que, daqui para diante, vai ser diferente."
Carlos Drummond de Andrade
E assim caminhamos sempre renovando os votos secretos e abertos para que tudo seja diferente.
Tudo com data marcada, tudo com prazo de validade, tudo com a famosa esperança elevada a última potência nos tempos determinados. Esperança a única que ficou na caixa de Pandora, a salvação? Não! Esperança é escravidão......!
aSg
Carlos Drummond de Andrade
E assim caminhamos sempre renovando os votos secretos e abertos para que tudo seja diferente.
Tudo com data marcada, tudo com prazo de validade, tudo com a famosa esperança elevada a última potência nos tempos determinados. Esperança a única que ficou na caixa de Pandora, a salvação? Não! Esperança é escravidão......!
aSg
quinta-feira, 28 de junho de 2007
segunda-feira, 25 de junho de 2007
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mário Quintana
deságuo
Como água na pororóca,
Rebenta toda, se soca.
Água na água.
Rio deságüe e mar acolha.
Não há escolha.
Mesmo que lute, há luto.
Depredação. Arrebatamento.
Sofrimento. Confusão.
O rio quer
O mar não.
Pororóca ativa
em corpóreo sertão.
Luto contínuo, há barro,
vento, respingo, solidão.
A beleza esta no olhar de fora, mas entre...
Venha ver esta desconstrução.
Veja de perto a carne vermelha,
o sangue roçando a pele, veia por veia.
Os pulmões chocando-se com o ar,
Que atravessa o estômago, âmago
E dá-me um nó.
Tudo quanto carne vira água.
E jorra, jorra-se de um dentro.
Avalanche pororóca.
Luto. Luto.
Deságuo.
Assim como o rio tranqüilo num grande mar...
Avalanchepororóca.
O rio quer.
O mar não.
E o sertão toma conta de todo o vão
Na luta entre o querer
E o não.
Rebenta toda, se soca.
Água na água.
Rio deságüe e mar acolha.
Não há escolha.
Mesmo que lute, há luto.
Depredação. Arrebatamento.
Sofrimento. Confusão.
O rio quer
O mar não.
Pororóca ativa
em corpóreo sertão.
Luto contínuo, há barro,
vento, respingo, solidão.
A beleza esta no olhar de fora, mas entre...
Venha ver esta desconstrução.
Veja de perto a carne vermelha,
o sangue roçando a pele, veia por veia.
Os pulmões chocando-se com o ar,
Que atravessa o estômago, âmago
E dá-me um nó.
Tudo quanto carne vira água.
E jorra, jorra-se de um dentro.
Avalanche pororóca.
Luto. Luto.
Deságuo.
Assim como o rio tranqüilo num grande mar...
Avalanchepororóca.
O rio quer.
O mar não.
E o sertão toma conta de todo o vão
Na luta entre o querer
E o não.
Grito II
Ahhhh saia de mim dor de peito partido...não és tu que me controla, são só os meus sentidos....
Saia de mim dor de peito remoído, dor de posse do outro, dor de angústia de ser.
Choro...choro...deságuo a água impura...pura, católicamente pura, judaícamente pura, pura, pura, puro monte de prisões...grilhões, assim formam–se minhas aberrações....!
Aprisionado em conceitos construídos além do eu e corporeificados no corpo. Ahhhh....
Mantenho então o mundo num oco vão de corpo insano.
Reconstruo o construído. No que acredito?
Eu quero o grito.
O grito que confunde e funde todos os pedaços do eu no chão. Junto à terra. Ao fosso nas águas escuras e profundas, nos becos dos lençóis freáticos. Frenéticos afazeres diários...cotidianos passando, cotidianos passando, cotidianos passando.
Eu quero o grito.
O grito que escancara a cara. Estampa a fissura, rasga o osso e sangra dentro dum moço.
Ah moço. O que queres? O que queres? O que queres?
Eu quero o grito.
Eu quero o sopro.
Eu quero a rouquidão do meu cansaço em grito.
Eu quero meu corpo são.
São diversos e confusos. São.
Eu quero meu corpo são.
Saia de mim dor de peito remoído, dor de posse do outro, dor de angústia de ser.
Choro...choro...deságuo a água impura...pura, católicamente pura, judaícamente pura, pura, pura, puro monte de prisões...grilhões, assim formam–se minhas aberrações....!
Aprisionado em conceitos construídos além do eu e corporeificados no corpo. Ahhhh....
Mantenho então o mundo num oco vão de corpo insano.
Reconstruo o construído. No que acredito?
Eu quero o grito.
O grito que confunde e funde todos os pedaços do eu no chão. Junto à terra. Ao fosso nas águas escuras e profundas, nos becos dos lençóis freáticos. Frenéticos afazeres diários...cotidianos passando, cotidianos passando, cotidianos passando.
Eu quero o grito.
O grito que escancara a cara. Estampa a fissura, rasga o osso e sangra dentro dum moço.
Ah moço. O que queres? O que queres? O que queres?
Eu quero o grito.
Eu quero o sopro.
Eu quero a rouquidão do meu cansaço em grito.
Eu quero meu corpo são.
São diversos e confusos. São.
Eu quero meu corpo são.
terça-feira, 12 de junho de 2007
O Último Americano Virgem
Um filme do início dos anos 90, tipo besteirol americano de adolescentes tarados, e ontem estava pensando porque este marcou minha adolescência. Relembrando o filme vi que o que me marcou foi que o jovem protagonista, um tipo não feio, mas não atlético, da turma dos que pensavam mais e tinham menos músculos, que sofriam toda aquele preconceito na escola por ser diferente, é apaixonado por uma bela moça. A moça no entanto, sua amiga, é do tipo bonitona que sai com os caras do time de futebol, ela é apaixonada por um deles, o tipo cachorrão, que sai com várias, trai a moça, faz e fala um monte de merda. Até aí é mais um filmezinho de romance que no final o protagonista bonzinho fica com a donzela arrependia. Mas não, o protagonista que cuida durante o filme todo da bela moça, sua paixão, é também amigo do atleta cachorrão, e ele fica sendo o ombro da moça, o grande amigo...! No fim sei que ela engravida do atleta, o cara dá um pé na bunda dela durante toda a gravidez e quem fica do lado dela? o protagonista, é ele quem cuida, arruma trabalho, sustenta a moça, assumi um monte de bucha, e a moça se diz apaixonada. No final então quando ele vai ao hospital vindo do trabalho que arrumou para ver a criança e a mãe, trazendo flores, vê a moça abraçada com o atleta... O filme acaba aí. E pensando porque é que ainda lembro deste filme e talvez ele não seja bem assim, mas esta situação ficou gravada na minha fuça. Ontem descobri, no filme o rapaz é considerado um coitado por todos e também pela pessoa que ama. Isto me doía muito, e vi ontem que ainda dói, lembro disto porque sou pobre, filho de pais considerados coitados nas suas famílias, todos os dois trabalhadores que se arrebentaram de trabalhar para sustentar os filhos, minha mãe trabalhou dias e noites, várias e várias vezes para poder deixar para eu e meus irmãos a única coisa que ela achava que poderia nos dar, uma boa educação, pagou uma escola particular, depois que me formei na 8 série minha mãe ainda devia uns 3 anos de mensalidade minha. Neste processo entendi que sempre fomos coitados, minha família é uma família de coitados, coitados na escola pois não tínhamos o uniforme certinho, não tínhamos tenis da moda, era um bamba, um conga furados(por isso quando ganhei meu primeiro salário comprei um tenis de marca e não entendia o porque), ganhávamos o uniforme velho dos primos ou dos filhos de professores, que nos ajudavam ainda com os livros. Passei minha infância sendo tratado como coitado e sei hoje, de manhã, de madrugada, o porque tenho raiva quando acham alguém coitado, todo pobre é um coitado, e tenho raiva disto porque não somos. Estes projetos socias estas cenas grotescas de mentirosas mostrando propaganda de projetos, associações, crianças tocando instrumentos eruditos com cara de felizes e bem alimentados, mas com as roupas esfarrapadas isto tudo, é tratamento de coitado. À merda com isto, com esta sociedade burguesa e filha de uma Puta (que não teve culpa), esta sociedade hipócrita tratando os outros como bichinhos....! Grande raiva. Sou educador e fico com muita raiva , e agora percebo isto quando vêem as crianças da favela, com as quais trabalho, como bichinhos...olhe-os nos olhos, vão ver a vida ali, vão ver força, contradições...são gente! Hoje acordei com raiva, muita raiva!
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Carta a Paulo Freire
Camarada Paulo Freire,
Não nos conhecemos pessoalmente, mas em idéias, às suas têm me nutrido o corpo a algum tempo. Você Paulo, digo assim pois o respeito e não vejo porque manter aqui nesta carta maneiras hipócritas de relações do mundo, produziu relações e conhecimentos importantíssimos para a educação, e o mundo, mas depois que você Paulo, faleceu, virou mito. O grande educador brasileiro (e é mesmo um dos grandes), mas este título que lhe deram só fez cobrir as suas idéias.
Tudo que é organização, Associação, todo mundo que diz que faz educação popular, diz que usa o método Paulo Freire. Método Paulo Freire, não era mais do que construir conhecimento a partir da relação com o outro e o seu entorno, possibilitando que as pessoas pudessem perceberem-se.
Hoje teu método virou didática, e como toda didática, preocupa-se em achar a melhor forma de transmitir conteúdos. Educação não pode ser isso, o jeito como você fazia não era assim. Era olho no olho, compartilhar experiências no corpo e passar a construir o conhecimento num coletivo de indíviduos com conhecimentos mútuos e distintos. A aprendizagem se dava pois permitia-se pensar, construia-se o caminho do livre pensar, as possibilidades começavam a abrir caminhos, a curiosidade promovia o interesse, as questões buscavam verdades e as verdades como diz Drummond, são dividas em metades diferentes umas das outras, e estas estampavam as contradições, as contradições é que movimentam o mundo. Movimentam o corpo diante de seus limites. Hoje você virou ídolo pop, suas experiências, didática, técnicas de transmissão, e o seu maior feito, que foi perceber a educação como relação e processo de construção, descontrução de conhecimentos e verdades ficou com você em seu túmulo. Alguns, percebo, tentam recuperar esta idéia, o que valorizo muito. Mas a maioria usa suas idéias como entrada no mercado. A educação é tratada como negócio, já era em sua época mas agora esta ainda mais acentuada esta questão. As pessoas reificadas, todas. E suas idéias fazia o contrário disto, humanizava.
Tenho muitas coisas ainda para falar-lhe, mas a carta já esta ficando longa e para uma primeira não quero ser grosseiro e abusar de sua boa vontade. Continuo o papo em outras, são diversas questões e este papo entre eu e você pode ser longo! Tão longo quanto a eternidade que aguarda os átomos que nos formam.
abraços fraternos
aSg
Não nos conhecemos pessoalmente, mas em idéias, às suas têm me nutrido o corpo a algum tempo. Você Paulo, digo assim pois o respeito e não vejo porque manter aqui nesta carta maneiras hipócritas de relações do mundo, produziu relações e conhecimentos importantíssimos para a educação, e o mundo, mas depois que você Paulo, faleceu, virou mito. O grande educador brasileiro (e é mesmo um dos grandes), mas este título que lhe deram só fez cobrir as suas idéias.
Tudo que é organização, Associação, todo mundo que diz que faz educação popular, diz que usa o método Paulo Freire. Método Paulo Freire, não era mais do que construir conhecimento a partir da relação com o outro e o seu entorno, possibilitando que as pessoas pudessem perceberem-se.
Hoje teu método virou didática, e como toda didática, preocupa-se em achar a melhor forma de transmitir conteúdos. Educação não pode ser isso, o jeito como você fazia não era assim. Era olho no olho, compartilhar experiências no corpo e passar a construir o conhecimento num coletivo de indíviduos com conhecimentos mútuos e distintos. A aprendizagem se dava pois permitia-se pensar, construia-se o caminho do livre pensar, as possibilidades começavam a abrir caminhos, a curiosidade promovia o interesse, as questões buscavam verdades e as verdades como diz Drummond, são dividas em metades diferentes umas das outras, e estas estampavam as contradições, as contradições é que movimentam o mundo. Movimentam o corpo diante de seus limites. Hoje você virou ídolo pop, suas experiências, didática, técnicas de transmissão, e o seu maior feito, que foi perceber a educação como relação e processo de construção, descontrução de conhecimentos e verdades ficou com você em seu túmulo. Alguns, percebo, tentam recuperar esta idéia, o que valorizo muito. Mas a maioria usa suas idéias como entrada no mercado. A educação é tratada como negócio, já era em sua época mas agora esta ainda mais acentuada esta questão. As pessoas reificadas, todas. E suas idéias fazia o contrário disto, humanizava.
Tenho muitas coisas ainda para falar-lhe, mas a carta já esta ficando longa e para uma primeira não quero ser grosseiro e abusar de sua boa vontade. Continuo o papo em outras, são diversas questões e este papo entre eu e você pode ser longo! Tão longo quanto a eternidade que aguarda os átomos que nos formam.
abraços fraternos
aSg
sábado, 9 de junho de 2007
sopro
Sopro
som coxo
em labirintos
de escambos.
Ressonância
aguda do oco
moco do bambú.
Vibração
de cipós vocais
onde me guardo de segredos
o som quase não sai
e quando chega....
ESTRONDO
pele se lançando com outras no infinito oculto do prazer.
rasgação de seda fria
a língua escorrega no cheiro doce dos teus caminhos.
(e) os mistérios, perpétuos,
tornam-se finitos.
(aSg para An)
som coxo
em labirintos
de escambos.
Ressonância
aguda do oco
moco do bambú.
Vibração
de cipós vocais
onde me guardo de segredos
o som quase não sai
e quando chega....
ESTRONDO
pele se lançando com outras no infinito oculto do prazer.
rasgação de seda fria
a língua escorrega no cheiro doce dos teus caminhos.
(e) os mistérios, perpétuos,
tornam-se finitos.
(aSg para An)
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Discurso de Chaves
Neste link esta um discurso do Presidente Hugo Chaves da Venezuela. Neste há uma manifestação em apoio à não renovação da concessão de TV à RCTV venezuelana.
Estas coisas nossa imprensa não mostra. Então lá vai o Link.
http://www.youtube.com/watch?v=4kmIBhLdqxU
http://www.youtube.com/watch?v=SjUSJGC07e4
Estas coisas nossa imprensa não mostra. Então lá vai o Link.
http://www.youtube.com/watch?v=4kmIBhLdqxU
http://www.youtube.com/watch?v=SjUSJGC07e4
grito
Foda-se. O bendito dito controle. Foda-se.
Foda-se. O maldito dito medo. Foda-se.
Foda-se eu sobre eu mesmo sendo o que sou. Foda-se.
e Foda-se tudo o mais que não quero ser e ter. estas alegrias infames,
as tristezas carregadas de avareza. a melancolia parea da sofreguidão.
Foda-se a minha filha da putisse, este controle inquieto de nervos, esta bebedeira falsa que consome o amago deste oco, moco e fugaz corpo.
Foda-se.
Foda-se. O maldito dito medo. Foda-se.
Foda-se eu sobre eu mesmo sendo o que sou. Foda-se.
e Foda-se tudo o mais que não quero ser e ter. estas alegrias infames,
as tristezas carregadas de avareza. a melancolia parea da sofreguidão.
Foda-se a minha filha da putisse, este controle inquieto de nervos, esta bebedeira falsa que consome o amago deste oco, moco e fugaz corpo.
Foda-se.
sábado, 2 de junho de 2007
Ilha
Como fazer para sair da ilha?
- talvez pela ponte?
- que ponte?
Quando a ilha é a limitação encerrada em meu corpo, como fazer?!
Criar pontes entre as ilhas, ser assim um arquipelago?
Criar pontes? As pontes podem ser fugas? de uma ilha que eu não aguento estar.
Será que entender a ilha, pode significar liberdade?
E o que é a liberdade encerrada em uma ilha?
Oras! O que é a liberdade?
O que significa a liberdade no outro? com o outro? através do outro?
Amor de ilhas!?!
- talvez pela ponte?
- que ponte?
Quando a ilha é a limitação encerrada em meu corpo, como fazer?!
Criar pontes entre as ilhas, ser assim um arquipelago?
Criar pontes? As pontes podem ser fugas? de uma ilha que eu não aguento estar.
Será que entender a ilha, pode significar liberdade?
E o que é a liberdade encerrada em uma ilha?
Oras! O que é a liberdade?
O que significa a liberdade no outro? com o outro? através do outro?
Amor de ilhas!?!
domingo, 27 de maio de 2007
Mapa de Anatomia: O Olho
Mapa de anatomia: o olho
Cecília Meireles
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
Cecília Meireles
O Olho é uma espécio de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globobrilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são invetadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas.
Janela da alma
Esta é uma das minhas janelas.
tenho várias e todas belas.
tenho várias e todas belas.
Belas pois permitem adentrar
o mundo neste oco vão de corpo
mudo.
Delas saem mundos, palavras, cenas,
olhares. todos delirantes. todos saudosos.
Alguns tristes e melancólicos.
Mas é isto, o mundo são isto.tudo que entra sai.
diferente, transformado, significado.
sábado, 26 de maio de 2007
Sobre Torcer e Torcedores
Amor não cobra,
Propõe sonhos,
Colabora, brinca.
Escancara a vida
No outro.
(alexandreSgonçalves)
Acho que torcer é isso, é brincar com a possibilidade de perder, arriscar a possibilidade de fazer o melhor. O esporte não foi inventado como uma competição entre indivíduos ou times, foi inventado para a superação dos limites, coletivos e individuais.
Cada qual fazendo o melhor possível, se este for o melhor entre os outros, talvez eu ganhe, mas este não pode ser o foco. Torço pelo Corinthians, por exemplo, não exigindo que ele ganhe sempre, mas que faça sempre o melhor que puder naquele dia, de o seu máximo, jogue com garra.
È só isto que espero do time, dos jogadores do time. Que se dediquem com o que puderem.
(E cobro sim a administração para tenha relação clara quanto a forma de organização do time ou clube.)(ver Movimento Fora Dualib)
Talvez assim possamos compreender o jogo como algo de diversão, de partilha, de emoções, pois há muito prazer em ver uma disputa de limites, há farra, brincadeira que envolve tudo isto. È por isso que torço, que sou apaixonado pelo time que torço. Não para vê-lo ganhando sempre, mas para compartilhar com ele todas estas experiências. E isto é amor.
Este jeito grosseiro e violento de torcer, de amar, este amor de posse, de dono, é fruto deste sistema individualista e capitalista, que visa o próprio umbigo em detrimento do umbigo dos outros. Esta sensação de ter que ser feliz o tempo todo, esta sensação de mentira que nos obrigam a comprar através da mídia, corrupta, estes desejos todos que as vezes não sabemos nem porque os temos. Este jeito violento de torcer é fruto disto.
Talvez se nos colocarmos diferente diante destas situações, possamos mudar este mundo. Talvez se amarmos diferente! Isto inclui uma mudança na relação com o outro, com o mundo, coisa difícil de fazer, mas possível.
Todos estes estudos sobre violência de torcedores e todas as outras, são interessantes e têm seus valores, mas é mais simples. A violência esta instaurada porque despejamos todas as nossas angústias e aflições sobre a vitória de um time, amamos desesperadamente um time ou uma pessoa por não conseguirmos nos amar, violentamos e somos violentados o tempo todo nesta relação individual e indigesta. A violência vem da desigualdade, de apesar de ser o tempo todo identificado, não reconhecer-se em lugar algum. Vem da falta de possibilidade de ouvir e depois falar. Vem desta relação humana superficial, reificada.
Penso que devemos tentar amar diferente, mesmo em meio a este monte de contradições. Reconhece-las, as contradições, nos da um conforto de saber sobre possibilidades e limites.
Propõe sonhos,
Colabora, brinca.
Escancara a vida
No outro.
(alexandreSgonçalves)
Acho que torcer é isso, é brincar com a possibilidade de perder, arriscar a possibilidade de fazer o melhor. O esporte não foi inventado como uma competição entre indivíduos ou times, foi inventado para a superação dos limites, coletivos e individuais.
Cada qual fazendo o melhor possível, se este for o melhor entre os outros, talvez eu ganhe, mas este não pode ser o foco. Torço pelo Corinthians, por exemplo, não exigindo que ele ganhe sempre, mas que faça sempre o melhor que puder naquele dia, de o seu máximo, jogue com garra.
È só isto que espero do time, dos jogadores do time. Que se dediquem com o que puderem.
(E cobro sim a administração para tenha relação clara quanto a forma de organização do time ou clube.)(ver Movimento Fora Dualib)
Talvez assim possamos compreender o jogo como algo de diversão, de partilha, de emoções, pois há muito prazer em ver uma disputa de limites, há farra, brincadeira que envolve tudo isto. È por isso que torço, que sou apaixonado pelo time que torço. Não para vê-lo ganhando sempre, mas para compartilhar com ele todas estas experiências. E isto é amor.
Este jeito grosseiro e violento de torcer, de amar, este amor de posse, de dono, é fruto deste sistema individualista e capitalista, que visa o próprio umbigo em detrimento do umbigo dos outros. Esta sensação de ter que ser feliz o tempo todo, esta sensação de mentira que nos obrigam a comprar através da mídia, corrupta, estes desejos todos que as vezes não sabemos nem porque os temos. Este jeito violento de torcer é fruto disto.
Talvez se nos colocarmos diferente diante destas situações, possamos mudar este mundo. Talvez se amarmos diferente! Isto inclui uma mudança na relação com o outro, com o mundo, coisa difícil de fazer, mas possível.
Todos estes estudos sobre violência de torcedores e todas as outras, são interessantes e têm seus valores, mas é mais simples. A violência esta instaurada porque despejamos todas as nossas angústias e aflições sobre a vitória de um time, amamos desesperadamente um time ou uma pessoa por não conseguirmos nos amar, violentamos e somos violentados o tempo todo nesta relação individual e indigesta. A violência vem da desigualdade, de apesar de ser o tempo todo identificado, não reconhecer-se em lugar algum. Vem da falta de possibilidade de ouvir e depois falar. Vem desta relação humana superficial, reificada.
Penso que devemos tentar amar diferente, mesmo em meio a este monte de contradições. Reconhece-las, as contradições, nos da um conforto de saber sobre possibilidades e limites.
segunda-feira, 21 de maio de 2007
mais radial leste...
ela dorme/dança/nasce. penso que tudo o mais que me acontece é o
ping-pong entre testemunhá-la e compreendê-la. Será necessário uma
nova linguagem para dar conta de seus prodígios. Domingo passado: foi
vista em andrajos, após a chuva, trazendo um imenso hibisco cobrindo
a orelha esquerda. Ela também era a chuva, o hibisco, o domingo. Seria
necessário uma nova linguagem. Quando, por exemplo, ela pegou uma
carona na caçamba de um caminhão, radial leste adentro, para que o
mundo tivesse essa história para se contar - seus companheiros de viagem,
desde sempre, já traziam seu nome nos lábios, seu nome nos cílios. Ela
dorme/ dança/ nasce. É o terceiro que anda conosco.
poema de Danilo Monteiro
ping-pong entre testemunhá-la e compreendê-la. Será necessário uma
nova linguagem para dar conta de seus prodígios. Domingo passado: foi
vista em andrajos, após a chuva, trazendo um imenso hibisco cobrindo
a orelha esquerda. Ela também era a chuva, o hibisco, o domingo. Seria
necessário uma nova linguagem. Quando, por exemplo, ela pegou uma
carona na caçamba de um caminhão, radial leste adentro, para que o
mundo tivesse essa história para se contar - seus companheiros de viagem,
desde sempre, já traziam seu nome nos lábios, seu nome nos cílios. Ela
dorme/ dança/ nasce. É o terceiro que anda conosco.
poema de Danilo Monteiro
Ação e Reação?
Radial Leste a dentro, mais um caminho por muitos periféricos. O murro já repercute a lei de ação e reação! Mas qual a reação? Será reprodução da ação que nos leva sempre a esta aflição?! Será? Será! Seremos o que respondemos!
Deêm uma olhada no vídeo. http://www.youtube.com/watch?v=l6fVA25118Y
Deêm uma olhada no vídeo. http://www.youtube.com/watch?v=l6fVA25118Y
segunda-feira, 14 de maio de 2007
não sei nem por onde ir, mas vou caminhando por aí!
trombando.
fuçando.
parafraseando a vida.
oh dor no peito,
comprimido por meus pensamentos!
mas que vida é esta?
ai que vontade de gritar!
UAHHHHHHHHHHHHHAAAAHAHAHAHAHAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHAHAHAHAHAA
AHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAHAHAHAHAHAHAAAAAAAAAA!
suspiros...alívios
ah peito, ah corpo reprimido!
por favor, me olhe nos olhos.
encarne na carne o que tu és
e faça-o nos meus olhos.
trombando.
fuçando.
parafraseando a vida.
oh dor no peito,
comprimido por meus pensamentos!
mas que vida é esta?
ai que vontade de gritar!
UAHHHHHHHHHHHHHAAAAHAHAHAHAHAAAAAAAAAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHAHAHAHAHAA
AHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAHAHAHAHAHAHAAAAAAAAAA!
suspiros...alívios
ah peito, ah corpo reprimido!
por favor, me olhe nos olhos.
encarne na carne o que tu és
e faça-o nos meus olhos.
A Lei
O Capitão Camilo Techera andava sempre com Deus na boca, bom dia se Deus quiser, até amanhã se Deus quiser.
Quando chegou ao regimento de artilharia de Trinidad, descobriu que não havia um único soldado que estivesse casado como Deus manda e que todos viviam em pecado, retouçando na promiscuidade como os bichos do campo. Para acabar com aquele escandâlo que ofendia o Senhor, o capitão mandou chamar o padre. Num único dia, o padre administrou a toda a tropa - cada qual com sua cada qual - o santíssimo sacramento do matrimônio, em nome do capitão, do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
No domingo, todos os soldados se tornaram maridos.
Na segunda-feira, um soldado disse:
- Essa mulher é minha.
E cravou a faca na barriga de um vizinho que olhava para ela.
Na terça-feira, outro soldado disse:
- Vê se aprende.
E torceu o pescoço da mulher que lhe devia obediência.
Na quarta-feira...
Texto de Eduardo Galeano, retirado da revista Bundas, nro 45 do ano 2000.
E nós....?
Quando chegou ao regimento de artilharia de Trinidad, descobriu que não havia um único soldado que estivesse casado como Deus manda e que todos viviam em pecado, retouçando na promiscuidade como os bichos do campo. Para acabar com aquele escandâlo que ofendia o Senhor, o capitão mandou chamar o padre. Num único dia, o padre administrou a toda a tropa - cada qual com sua cada qual - o santíssimo sacramento do matrimônio, em nome do capitão, do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
No domingo, todos os soldados se tornaram maridos.
Na segunda-feira, um soldado disse:
- Essa mulher é minha.
E cravou a faca na barriga de um vizinho que olhava para ela.
Na terça-feira, outro soldado disse:
- Vê se aprende.
E torceu o pescoço da mulher que lhe devia obediência.
Na quarta-feira...
Texto de Eduardo Galeano, retirado da revista Bundas, nro 45 do ano 2000.
E nós....?
sexta-feira, 4 de maio de 2007
A tristeza do mundo todo
esta aqui
bem perto, dentro
é tristeza minha,
é do mundo!
Aconchego-a em meu peito
faço-a dormir,
nino, canto, cafuné...
Incorporo, exploro
sorrindo
choro
Aqui há um vão!
bem no meio,
onde aconchego
perto da canção.
Sinto-a branca.
não é saudade,
ombros doídos,
não são mãos de criança.
Tenho o mundo agora
mais perto.
adentro-me em vão.
Opaco,
Oco,
este amargo
é de sangue moído.
bem perto, dentro
é tristeza minha,
é do mundo!
Aconchego-a em meu peito
faço-a dormir,
nino, canto, cafuné...
Incorporo, exploro
sorrindo
choro
Aqui há um vão!
bem no meio,
onde aconchego
perto da canção.
Sinto-a branca.
não é saudade,
ombros doídos,
não são mãos de criança.
Tenho o mundo agora
mais perto.
adentro-me em vão.
Opaco,
Oco,
este amargo
é de sangue moído.
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade
Ouvidos e tonus!
as palavras passam e
os músculos atrofiam e
os olhos abrem-se e
a carne treme e
escuro e
claro e
e!
Se eu soubesse sobre todos os es
es-taria
não aqui
lá
por lá
perto de onde
jamais vi
nada mudo
surdo
indizente
Ahhh o peito
comprimido
é memória do coração
é química pulsante
sangue escorrendo
rasgando
fugaz,
fugando,
o corpo esvai-se
sorrateiro
penumbrando.
A gota,
foi a gota,
saiu,
não voltou.
os músculos atrofiam e
os olhos abrem-se e
a carne treme e
escuro e
claro e
e!
Se eu soubesse sobre todos os es
es-taria
não aqui
lá
por lá
perto de onde
jamais vi
nada mudo
surdo
indizente
Ahhh o peito
comprimido
é memória do coração
é química pulsante
sangue escorrendo
rasgando
fugaz,
fugando,
o corpo esvai-se
sorrateiro
penumbrando.
A gota,
foi a gota,
saiu,
não voltou.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
quinta-feira, 12 de abril de 2007
Difícil
Difícil é andar por aí desapercebido, sem ver e sem ser visto.
Difícil é ignorar a ignorância de um mundo caoticamente planejado.
Difícil é perder-me, deixar de lado quem sou, minha identidade identitária, numa busca solene pela queda. Que o eu e o ego me sumam......para que assim eu possa ouvir o mundo.
O difícil mesmo é não ser sem deixar de ser.......!
Difícil é ignorar a ignorância de um mundo caoticamente planejado.
Difícil é perder-me, deixar de lado quem sou, minha identidade identitária, numa busca solene pela queda. Que o eu e o ego me sumam......para que assim eu possa ouvir o mundo.
O difícil mesmo é não ser sem deixar de ser.......!
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
O Primeiro
O Primeiro texto (ou postagem) é sempre difícil de se escrever, ele vai surgindo com dificuldades na tela, se desenhando e redesenhando até tornar-se o que será, para alguns, definitivo, para outros um princípio e outros ainda, talvez, um meio-fim.
Apesar de desconhecermos os textos antes de tê-los visto por inteiro, sabemos por algum motivo, que ele é conhecido. E é isto, desconhecemos tudo e fazemos parte de um grande nada!
Este blog, foi criado para ser um espaço de desconhecimento próprio, para assim podermos conhecer o mundo. Desconstrução, desobstrução, demolição! A partir do caos surge!
Aqui postarei textos desconhecidos e conhecidos, autores vistos e os não vistos e espero que este signifique um tempo seu!
Apesar de desconhecermos os textos antes de tê-los visto por inteiro, sabemos por algum motivo, que ele é conhecido. E é isto, desconhecemos tudo e fazemos parte de um grande nada!
Este blog, foi criado para ser um espaço de desconhecimento próprio, para assim podermos conhecer o mundo. Desconstrução, desobstrução, demolição! A partir do caos surge!
Aqui postarei textos desconhecidos e conhecidos, autores vistos e os não vistos e espero que este signifique um tempo seu!
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