segunda-feira, 11 de junho de 2007

Carta a Paulo Freire

Camarada Paulo Freire,

Não nos conhecemos pessoalmente, mas em idéias, às suas têm me nutrido o corpo a algum tempo. Você Paulo, digo assim pois o respeito e não vejo porque manter aqui nesta carta maneiras hipócritas de relações do mundo, produziu relações e conhecimentos importantíssimos para a educação, e o mundo, mas depois que você Paulo, faleceu, virou mito. O grande educador brasileiro (e é mesmo um dos grandes), mas este título que lhe deram só fez cobrir as suas idéias.
Tudo que é organização, Associação, todo mundo que diz que faz educação popular, diz que usa o método Paulo Freire. Método Paulo Freire, não era mais do que construir conhecimento a partir da relação com o outro e o seu entorno, possibilitando que as pessoas pudessem perceberem-se.
Hoje teu método virou didática, e como toda didática, preocupa-se em achar a melhor forma de transmitir conteúdos. Educação não pode ser isso, o jeito como você fazia não era assim. Era olho no olho, compartilhar experiências no corpo e passar a construir o conhecimento num coletivo de indíviduos com conhecimentos mútuos e distintos. A aprendizagem se dava pois permitia-se pensar, construia-se o caminho do livre pensar, as possibilidades começavam a abrir caminhos, a curiosidade promovia o interesse, as questões buscavam verdades e as verdades como diz Drummond, são dividas em metades diferentes umas das outras, e estas estampavam as contradições, as contradições é que movimentam o mundo. Movimentam o corpo diante de seus limites. Hoje você virou ídolo pop, suas experiências, didática, técnicas de transmissão, e o seu maior feito, que foi perceber a educação como relação e processo de construção, descontrução de conhecimentos e verdades ficou com você em seu túmulo. Alguns, percebo, tentam recuperar esta idéia, o que valorizo muito. Mas a maioria usa suas idéias como entrada no mercado. A educação é tratada como negócio, já era em sua época mas agora esta ainda mais acentuada esta questão. As pessoas reificadas, todas. E suas idéias fazia o contrário disto, humanizava.

Tenho muitas coisas ainda para falar-lhe, mas a carta já esta ficando longa e para uma primeira não quero ser grosseiro e abusar de sua boa vontade. Continuo o papo em outras, são diversas questões e este papo entre eu e você pode ser longo! Tão longo quanto a eternidade que aguarda os átomos que nos formam.

abraços fraternos

aSg

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Xandi e amigo Paulo,

Pra além das distorções, sigamos no simples e amoroso de todos os dias. que pensemos com ternura a cada passo e sejamos bravos e delicados. Tentarei conversar com estes dois bons educadores, por aqui faltam-me conexões para palavras mais pensamentos, talvez o nublado São paulo. Até, Luciano.